OSTEOPATIA E A DEPRESSÃO

Osteopatia e depressão :

Publicado na Revista ZEN Energy n° 58 de Novembro 2013

A depressão sempre existiu, porem sem usufruir da mesma designação :

–       na Antiguidade, apelidava-se de “melancolia”

–       em 400 antes J.C, denomina-se de “humor melancólico”

–       nos anos 300 apôs J.C estigmatiza-se a depressão como um acto de negligencia, já no século XII  assimila-se à preguiça

–       o XVI século vê a melancolia como a doença dos artista e dos génios.

Desde o XX século, designa-se uma pessoa em estado de abatimento ou astenia como sofrendo de doença de depressão.

No entanto, estas diversas denominações que ao longo do tempo desapareceram, continuam na mente colectiva que desvalorizam a depressão. Sempre condenada como uma fraqueza da vontade, uma falta de coragem ou um transtorno existencial, a depressão é todavia uma doença, tal como os diabetes ou colesterol.

A depressão é uma patologia do corpo e do espírito, espírito e corpo são indissociáveis.

É preciso destacar que a depressão é o transtorno psicológico mais frequente, afectando cerca de 120 milhões de pessoas no mundo, sendo a 4° causa de morbilidade e prevista para ser a 1° causa de incapacidade em 2030 seguindo à OMS. Em Portugal, a depressão mata 1200 pessoas por ano, envolvendo um custo de milhões de euros.

Os vários tipos de depressão :

Em função da sua intensidade, distinguimos :

–       depressão ligeira (distimia)

–       depressão moderada

–       depressão grave

Existem outras formas depressivas características :

–       depressão sazonal que se manifesta ciclicamente, principalmente no Outono e Inverno

–       depressões em casos de transtornos bipolares, aparecendo entre os casos de euforia maníaca

–       depressão pós-parto nos primeiros meses sucedendo à um nascimento

Sintomas físicos da depressão :

Independentemente do tipo, a depressão conduz a numerosos problemas físicos, maioritariamente transtornos psicossomáticos, apesar das dores de ordem puramente física com outras origens.

Dentro dos sintomas físicos mais marcantes da depressão ( e independemente dos sintomas psíquicos), encontramos :

–       transtornos da alimentação acompanhados de perda ou ganho de peso

–       transtornos de sono relacionados à fadiga importante, insónias

–       enxaquecas

–       transtornos digestivos

–       dores musculares (geralmente dorsais)

Cuidados osteopáticos no tratamento de pacientes depressivos :

A osteopatia participa no tratamento da depressão, isto é na perspectiva de tratalento multidisciplinar, sem se substituir ao seu psicólogo/psiquiatra e ao uso de medicamentos.

Foca-se a atenção nas dores físicas mesmo sendo psicossomáticas, é evidente que o corpo e espírito funcionam em conjunto e que o tratamento de um influencia o outro.

Assim, mesmo com uma abordagem estritamente física, o osteopata obterá igualmente resultados psíquicos (intencionalmente ou não).

De uma forma geral :

–       aliviando as tensões musculares

–       levantando restrições articulares

–       restituindo flexibilidade e mobilidade ao corpo

–       diminuindo as dores 

A ideia é de utilizar o suporte anatómico, o nosso corpo, para ter efeitos numa melhoria do estado geral e anémico do paciente : “mens sana in corpo sano”, não fui eu que inventei a citação.

Mais precisamente, o tratamento em osteopatia :

Apesar de eu optar sempre por simplificar e desmistificar a osteopatia, o tratamento osteopatico contem pontos importantes à ter em conta em prioridade.

–       Libertar o eixo sacro craniano.

O eixo sacro craniano é uma unidade do corpo humano representando a base dos princípios do modelo craniano.

Resumindo são cinco elementos organizados numa tríade :

Ø  motilidade inerente automática ao sistema nervoso central

Ø  flutuação do liquido cefalo raquidiano

Ø  função de tensão recíproca das membranas cranianas e vertebrais

e a consequência desta tríade :

Ø  mobilidade dos ossos do crânio entre eles (suturas cranianas)

Ø  mobilidade articular do sacro entre os ilíacos

–       detectar um whiplash.

Este traumatismo, mais conhecido por “golpe de coelho”, pode estar à origem e por si próprio provocar um depressão .

–       verificar o funcionamento (devolver mobilidade) ao sistema digestivo (intestino delgado principalmente).

Um estudo publicado em Março de 2009 pelo Journal of Anxiety Disorders determinou que mais de 60% dos pacientes sofrendo de síndrome de cólon irritável, são também atingidos por um transtorno depressivo e/ou de ansiedade.

–       Devolver  mobilidade ao diafragma.

O diafragma é um musculo que separa a caixa torácica da caixa abdominal : ansiedade, stress, angustias, depressão, transtornos digestivos podem provocar o espasmo do diafragma. Despasmar o diafragma é interessante à nível físico, energético e mental.

–       Tratar o eixo central.

Na sua parte posterior consiste em corrigir a coluna vertebral, tratar as disfunções de hipo mobilidade.

Na sua parte anterior, envolve o tratamento do tendão central que é o conjunto dos elementos desde a garganta até à púbis, cujo tratamento é importante num quadro dito emocional.

–       Tratar os “quatro” diafragmas.

Os 4 diafragmas é um termo especifico em osteopatia e consiste no tratamento (ou assegurar-se do bom funcionamento) de :

–       a tenda do cerebelo (de certa forma um diafragma intracraniano)

–       o orifício superior do tórax, situado por baixo do manubrio do esterno e onde se inserem muitos músculos cervicais.

–       O diafragma abdominal como já referido

–       O diafragma pélvico, constituindo o suporte dos órgãos genitais e urinários da bacia.

Antes de mais, este artigo tem por objectivo transmitir um conteúdo puramente informativo e relatando a minha opinião e experiência, não subscrevendo a consulta do seu médico de clínica geral e o uso de medicação.

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