A praia, os chinelos, o sol … agora somente para o ano ou fora de Portugal para os mais viajantes. Diga olá de novo às suas pantuflas, à chuva, ao frio, ao seu querido edredom, às longas tardes de domingo no sofá …
As noites propicias para estar frente à lareira, o desejo de ver este ano cair a neve, o Outono Inverno é para muitos uma época de boas-vindas.
Mas para as pessoas com reumatismos ou dores músculo-esqueléticas, esta fase resfriada e húmida do ano traz presentes natalícios antecipados.
Entre velhos adágios e realidade cientifica, a meteorologia terá influencia sobre as dores articulares e os reumatismos ?
O frio representa um stress maior para o nosso organismo. As mudanças de épocas são propicias ao desencadeamento de patologias de todos os tipos, congestionamentos, infecções, dores articulares, crises alérgicas, resultando de um ataque ao nosso organismo por agressões externas. Agressões externas normais, mas às quais não somos capazes de nos defender por varias razões.
É necessário relembrar que somos homeotermos, ou seja que a nossa temperatura é uniforme em estado de saúde, os famosos 37° C. No nosso sistema músculo-esquelético, as mais principais razão são o frio, humidade e vento que provocam uma constrição dos micro vasos capilares, diminuindo o fornecimento sanguíneo aos músculos : sem oxigénio, o musculo contrai-se, inflama, torna-se rígido e doloroso. Seja dito que é o típico torcicolo, dorsalgia ou lombalgia que adjectivamos de “a frigore”.
Enquanto o tempo frio não origina a artite ou outros reumatismos que pioram com a queda das temperaturas, o quadro de dor pode ser alterado.
Contudo é importante perceber que não existe nenhum padrão, nem regra absoluta : o clima afecta pessoas diferentes de forma diferente. Redundância propositada, porque doentes reumáticos relatam preferir o frio no que diz respeito à dor, apesar da sensação de rigidez matinal, da necessidade de aquecimento da articulação e da dificuldade em por o esqueleto em movimento. Outros dirão que o verão alivia. Eis a máxima do : nem sempre, nem nunca.
O que diz a ciência ?
Para analisar a influencia climatérica no estado de saúde, a biometeorologia nasceu. Os diversos estudos não evidenciam uma correlação entre mudanças de estação e dor crónica, apesar das experiências dos utentes contarem uma historia totalmente diferente. Em França, o MeteoSat, programa governamental de analise de biometeorologia aponta como “causa provável” o efeito nocebo da imagem que criamos do inverno e das suas consequências sobre o nosso organismo. À excepção dos quadros de canícula, as estatísticas não comprovam um aumento das consultas nas aéreas de ortopedia, reumatologia ou em urgência.
Japão e Alemanha, independentemente da prova cientifica, dispõem de boletim meteorológicos destacando o potencial risco de aparecimento de dores reumáticas. De mesmo, numa analise linguística, na China os dois ideogramas compondo a palavra reumatismo, pronunciada em Mandarim por Fengshi significam vento e humidade …
Apesar da incontestável convicção que todos temos sobre a interferência do “clima” sobre o nosso corpo, as numerosas pesquisas desde os anos 1950 indicam a hipótese psicológica como única resposta, desde testes de predição do clima por doentes “os barometros humanos” à analise das dores em quartos por J. Lee Hollander.
De forma geral, a pesquisa aponta para a influencia da percepção acrescida das dores conquanto sem qualquer modificação do estado da articulação.
A minha teoria
Depois de alguns anos de pratica clínica, os doentes que relatam conseguir prever uma baixa de temperatura ou uma onde de fortes chuvas fazem parte inerente das conversas de consultório nesta altura do ano. Ao mesmo titulo que a descrição do aumento de dores durante a estação mais fria até a sensação de humidade dentro dos ossos.
Talvez já se tenha colocado a pergunta à si próprio ?
Apesar das varias teorias, os cientistas não tem sido capazes de evidenciar a etiologia, ou seja a causa ou o motivo exacto por trás do aumento das dores durante o inverno.
E se colocássemos de parte as condicionantes sensoriais, como o frio, a humidade, a chuva e nos interessássemos à pressão atmosférica ou barométrica nas nossas articulações. As nossas articulações possuem inúmeros receptores em suas terminações nervosas capazes de avaliar e comunicar informações como temperatura, pressão, densidade … e da mesma forma provocarem uma resposta de dor às modificações atmosféricas. O nosso corpo é constituído por cerca de 400 articulações. As sinoviais, as mais móveis, são compostas por extremidades ósseas recobertas por cartilagem e sustentadas por ligamentos que delimitam uma cavidade : a cápsula articular contendo uma substancia viscosa e lubrificante. O joelho ou as apófises articulares da coluna vertebral são deste tipo.
Desse modo, as depressões atmosféricas, as variações de massas de ar, podem vir à ser a explicação para a alteração da pressão dentro da articulação e nomeadamente no liquido sinovial e provocar um aumento de dores. Isto é, mais que o Inverno ou o Verão, acredito que as mudanças repentinas de pressão barométrica possam aumentar o quadro inflamatório, de sobrecarga localmente e explicar as predições ancestrais de mudanças de tempo pelo indicador de dores de joelho.
Mais que as condições climatéricas, a sedentaridade mais presente nesta estação do ano é o factor predominante de aparecimento de dores: o tempo convida à ficar por casa, no sofá, às refeições pesadas. Também poderíamos acrescentar a falta de vitamina D como uma das causas, ou talvez seja os dias mais curtos que nos predispõem à uma moleza geral.
A prevenção
Todos os dias, as nossas costas são submetidas à uma pressão enorme. Este pilar do corpo humano, sustenta o essencial do nosso peso corporal, participa em quase todos os movimentos do nosso quotidiano até à sua respiração, memorizando e acumulando todo o stress e tensões emocionais. Tensões essas que são susceptíveis durante todo o ano de desencadear dores e a chegada da estação fria contempla um lote de riscos particulares.
Falamos das costas como elemento central do esqueleto mas é algo que pode aplicar especificamente às suas articulações.
Para isso, eis as minha dicas :
1.Mantenha-se activo !!! caminhadas, alongamentos, ginásio : chuva + frio ¹ sofá
2.Hidrate-se : mesmo sem calor, o seu corpo precisa de agua.
3.Agasalhe-se : para combater frio e vento, use camadas de roupa
4.Mantenha uma alimentação saudável
5.Aquecimento : na actividade física ou profissional, o aquecimento muscular é essencial
6.Use um calçado adequado para evitar as quedas na neve ou chuva
7.Consulte um profissional de saúde : já percebeu que o inverno não é desculpa para as suas dores.
Nota : A Osteopatia não se substitui à consulta do seu médico e ao uso de medicamentos
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